É inimaginável voltar no tempo, mesmo não querendo ele por si não volta. Uma história, gravada lá no íntimo, bem lá, no fundo, onde ninguém pode alcançar, mas a dor sim e se transforma como em um vazamento de açude constante e feroz. Achar haver passado esta dor que não sangra, que não cicatriza e nem abrevia, só a ânsia de fugir de si mesma, de não se encontrar, de estar perdida em um ‘porque’ permanece inabalável.
Por que não ser nem suspeita?
Por quê, ser acusada injustamente?
Por quê, por algo que não fez?
Como lidar com isso?
Como não se importar?
E ser ignorada por trinta e seis longos anos de solidão, desespero, humilhação e descaso, tratada como um ser anormal, castigada por olhares de repulsa a te condenar. Em nosso vocabulário se pode encontrar muitas palavras com significados e sinônimos que justificam ser injustiçado, mas a emoção que carrega não. Injustiçada é revisitar suas memórias mais traumáticas e terríveis diariamente, é viver, mas não respirar por estar nesta prisão injusta. E aí, como conseguir aliviar e refletir para apaziguar a dor e os sentimentos de perda. Por vezes, mesmo que se esforce para esquecer as feridas, elas não somem, continuam nos cantos do seu coração te machucando é como se durante um evento você tenha que cumprimentar trezentos e sessenta pessoas apertando sua mão, no final de tal, sua mão está dormente seu coração dolorido e sua angústia desenfreada. E assim, lutar consigo mesma é a constância do seu existir, pois arrependimentos não tem só ressentimentos e decepções que se recarregam diariamente em lamentos profundos ao ouvir palavras maldosas que a ferem. Contudo, mesmo sendo vulnerável e racional, uma história permanece a mesma apesar de ser contada inúmeras vezes, na realidade e nos contos de fadas, porque nem a injustiça e o tempo te fazem perder os valores existencial maternal, só te faz querer ser forte tanto quanto ver o nascer do sol, também o pôr do sol, sabe aquela hora em que, apenas por uns poucos minutos o dourado tinge o azul do firmamento em seguida o azul insiste em ficar, aí surgi o vermelho o laranja se junta, mas a força do dourado do sol vence a batalha e glorioso se espalha. No dia seguinte e no outro, no outro ele não se cansa continua seu combate para existir mesmo sendo injustiçado por estar muito quente ou mesmo por estar escondido pelas nuvens, porque é da natureza do ser humano normal ser injusto, e assim por esses longos anos como uma sina ou uma praga propelida sua vida é ser injustiçada. Por esse motivo se tornou um ser humano anormal.
Madel Lopez.