domingo, 27 de junho de 2021

Inocente.

É inimaginável voltar no tempo, mesmo não querendo ele por si não volta.  Uma história, gravada lá no íntimo, bem lá, no fundo, onde ninguém pode alcançar, mas a dor sim e se transforma como em um vazamento de açude constante e feroz.  Achar haver passado esta dor que não sangra, que não cicatriza e nem abrevia, só a ânsia de fugir de si mesma, de não se encontrar, de estar perdida em um ‘porque’ permanece inabalável.

Por que não ser nem suspeita? 

Por quê, ser acusada injustamente?

 Por quê, por algo que não fez? 

Como lidar com isso?


Como não se importar? 


E ser ignorada por trinta e seis longos anos de solidão, desespero, humilhação e descaso, tratada como um ser anormal, castigada por olhares de repulsa a te condenar. Em nosso vocabulário se pode encontrar muitas palavras com significados e sinônimos que justificam ser injustiçado, mas a emoção que carrega não. Injustiçada é revisitar suas memórias mais traumáticas e terríveis diariamente, é viver, mas não respirar por estar nesta prisão injusta. E aí, como conseguir aliviar e refletir para apaziguar a dor e os sentimentos de perda. Por vezes, mesmo que se esforce para esquecer as feridas, elas não somem, continuam nos cantos do seu coração te machucando é como se durante um evento você tenha que cumprimentar trezentos e sessenta pessoas apertando sua mão, no final de tal, sua mão está dormente seu coração dolorido e sua angústia desenfreada. E assim, lutar consigo mesma é a constância do seu existir, pois arrependimentos não tem só ressentimentos e decepções que se recarregam diariamente em lamentos profundos ao ouvir palavras maldosas que a ferem. Contudo, mesmo sendo vulnerável e racional, uma história permanece a mesma apesar de ser contada inúmeras vezes, na realidade e nos contos de fadas, porque nem a injustiça e o tempo te fazem perder os valores existencial maternal, só te faz querer ser forte tanto quanto ver o nascer do sol, também o pôr do sol, sabe aquela hora em que, apenas por uns poucos minutos o dourado tinge o azul do firmamento em seguida o azul insiste em ficar, aí surgi o vermelho o laranja se junta, mas a força do dourado do sol vence a batalha e glorioso se espalha. No dia seguinte e no outro, no outro ele não se cansa continua seu combate para existir mesmo sendo injustiçado por estar muito quente ou mesmo por estar escondido pelas nuvens, porque é da natureza do ser humano normal ser injusto, e assim por esses longos anos como uma sina ou uma praga propelida sua vida é ser injustiçada. Por esse motivo se tornou um ser humano anormal. 


Madel Lopez.

 

 

 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Ser Idosa.

 Tempo, o que é? 

Ser a continuidade que corresponde à duração das coisas, o decurso de como, por ser a extensão do presente, passado e futuro ou ser época, tempo dos gregos e para os humanos o ciclo, a etapa, o estágio. Para resumir, envelhecer é o curso natural das coisas. Envelhecer, é não ter desejos, lembranças ou arrependimentos.

Seu corpo flácido.

Sua mente vaga.

Suas pernas fraquejam.

Sua lucidez, vai e vem com o passado presente, o presente passado. Pois o futuro, huum...

O adeus se torna costumeiro, corriqueiro e as lágrimas elas se esquecem de os olhos umedecerem.

Sem direção, apenas segui sem desistir, e esperar soltar o último ânsia e alcançar.

A velhice é ser livre, mas presa na vontade.

 É voar com as asas presas.

 É ser uma águia e estar sempre em voo rasante.

 É não ter pressa, mas, o tempo se apressa, pois ele te tornou velha e te fez se perder dentro de si.

Ser velha foi por que um dia foi bebe, filha, irmã, sobrinha, neta, tia, mãe, avó.

Envelhecer, é quando você abandona a inveja, arrogância, insegurança e por último a impotência toma conta, os ombros ficam curvos, as mãos tremem e pode ser esquecida como as promessas proferidas. Se perde o direito de querer, de fazer o que quer, sendo que não se aspira o querer. Estar correndo em uma esteira e não avançar um micrômetro sequer. 

O que te deixa feliz? Não saber.

 A um canto se deixar ficar e a demência senil vem visitar, suspirando, com o olhar distante a vislumbrar o sonho impossível de esquecer, apesar de esquecer o próprio nome. Envelhecer, ser velho, ser experiente, pois estar a década a existir a presenciar a desfrutar o significado de viver.

 Envelhecer, é quando aguarda o chamado por um toque para dizer adeus e ir ao encontro do renascer para de novo correr contra o tempo, quando se fizer contato com os olhos do segador a terra não existirá para você, pois tempo é o intervalo da dilação.


Madel Lopez


terça-feira, 1 de junho de 2021

A verdade.

O descontentamento, pois a vida não é como queremos, ela segue seu próprio rumo. Atolada, imersa em meu destino malfado, no passar dos anos a esperança está leve como uma pétala de uma flor ao vento ou como um filhote perdido, é assim quando se separa dos sonhos.  Assim sendo, só, você reconhece e pode ver tudo até a impureza ou pureza do ser, por isso muitas vezes fecho os olhos para não fazer contato visual direto.

 Pois, Adão e Eva viviam no paraíso, tinham tudo, mas queriam mais, queriam ver além do que viam.

Em seu estado de ser, completo, e queriam mais.

Viam tudo, achavam pouco.

A cobiça, acordou.

Rastejante ofereceu.

Do fruto da verdade ele comeu.

E o inferno ele viu.

Seus olhos descortinou e a desonra se aproximou.

O desejo se alojou

Da descoberta não se perdoou.

O castigo se implantou

Do ventre de Eva dois seres perpetuou.

O mau e o bom nasceu.

Logo o sangue derramou.

E o mundo é hoje assim, ceticismo, crueldade, logro e presunção.

Se tornaram a condição descabida de existir.


Madel Lopez.