terça-feira, 12 de outubro de 2021

A chuva.

O que está sobre o nome?

Incertezas?

Lá fora a chuva, o vento sopra, a terra úmida se encharca.

De perto a vida é uma tragédia, apesar de ser um processo de criação e de erros, a dor consome com o peso dos pensamentos. Às vezes é um sonho sonhado, muito bonito, é acordar e ver a realidade, mesmo estando escuro você não consegue ver, e o mundo começa outra vez, apesar de sua transformação em um ser transparente se sente triste como um pássaro engaiolado, vive, canta, mas não voa. Ou ser uma poeira que se joga para debaixo do tapete, talvez, ser uma sombra que depois que a luz se apaga ela desaparece. Simplesmente estar se movendo como uma reprise de uma cena mal interpretada, se surpreende ao ouvir a música que toca compassivamente, sobrecarregando o coração exaltado, apesar de estar em busca de si mesma, para diante do espelho, sem ver a imagem desfigurada. Apesar de estar a caminhar, se debate para evitar se afogar no passado, este que se desmascara sem tirar a máscara para revelar a natureza real de ser boa ou má.

O que está por debaixo do nome?

Um encarceramento?

Redenção?

Sendo que, incertezas são como os chacais, de dia se mantém o silêncio, a noite espera a estrela aparecer uivando para se alimentar. Se render, aceitar a oposição, deixar de ser e se tornar além da demência ou ficar debaixo do chicote, aceitando, suportando o coração inquieto apertado no peito como espartilho apertando a cintura. Comumente, a dor distorce o consciente, a lua minguante clareia o céu, as estrelas piscam um apelo insistente como mariposa na lâmpada quente, não consegue se afastar da luz e se debate até o fim. Cociente e intencional o passado permanece na existência, te deixa exausta inteiramente.  Ou continuar atingida pela chuva que traz a friagem da terra úmida, tornando a voz rouca e trêmula sem saber o que fazer, se sente sufocar ao aceitar a mentira enquanto a verdade não chega, pois o silêncio traz a pás e a boca traz o caos. Na parede do esconderijo, a moldura está sem a foto, escarnecida se foi sem esperar a chuva passar, o vento soprar, a terra secar, para talvez quem sabe deixar que a primavera venha.

 Lá fora a chuva.

 Aqui dentro a tempestade.

Madel Lopez

12/09/21

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Quatro.

 O jogo é, 

Querer estar para se encontrar.

Querer pedir para se dar.

Sem a crença da desordem com a permissão da dúvida para se lançar ao ataque e deixar o destino falar por si, pois o lance que é a morte será quando toda verdade será lançada, como um jogador armador em pânico.

A derrota é que o chão que pisa sustenta,

Quatro paredes,

quatro quinas,

uma porta,

uma janela.

As vozes, os passos, as pessoas, trazem sonhos interrompidos como as luzes que se apagam.  Torna o ambiente escuro e o medo vem, ele traz a paixão já que estão sempre juntos. Sendo que o medo nos faz sobreviver, a paixão nos faz sentir vivos e nos enche de saudades. Saudade é como o vento que passa deixando o sopro da brisa entrar pela janela, é a tempestade das emoções no ar que se respira, a visão que se tem da mensagem que é recebida, saudade, palavra esta que derrota o interior do ser. Saudade de ver, ouvir, de estar, e de jamais deixar partir. É por estar só, mas o coração cheio de querer, um abraço, um afago, de sentir, e do jogo só sair assim como as lágrimas correndo de dentro da alma. Trancada em um quarto, você permanece, entre quatro paredes, quatro quinas, um teto, uma janela para brisa entrar e você respirar.

Em razão de que o lance visa a vitória subjuga derrota e o jogo não termina.


Madel Lopez.

10/10/09